O despertar da bruxa

O despertar da Bruxa
Eu nasci bruxa. Durante a minha primeira infância ser bruxa era algo absolutamente natural, tanto que naquela época eu jamais pensei no assunto. Eu me sentia cheia de poderes, e eu os tinha.
Lembro-me perfeitamente de sentir uma conexão muito especial com a natureza, especialmente com as ervas e os cristais. Gostava muito de colher os “matinhos” do quintal lá de casa, e colocá-los numa panelinha com água até obter um chá, tomando-o prazerosamente. Costumava dizer que os cristais eram mágicos e me sentia muito atraída por eles.
Desfrutava muito dessa fase onde tudo tinha um ar deliciosamente místico. Um dia fui flagrada preparando um chá de um “matinho” que eu tinha colhido do quintal e levei uma baita bronca. Fui alertada que não podia sair fazendo chás de qualquer mato que eu visse pela frente, que poderia ser muito perigoso! Foi quase na mesma época que escutei um parente dizer-me com veemência que os cristais eram apenas pedras comuns, sem nenhuma magia por trás. O “perigosíssimo” matinho que eu costumava fazer meus chás era proveniente do pé de boldo lá de casa. Eles estavam tão enganados! Porém, o mais triste é que eu acreditei neles. E a bruxa caiu num profundo e longo sono.
Foi aí que comecei a me desconectar da minha sacralidade. Foi nessa fase que eu comecei preferir os refrigerantes aos chás e considerar a ecologia e afins um papo chato e desinteressante. Me urbanizei ao ponto de deprimir-me quando em algumas ocasiões ficava alguns dias afastada da cidade grande.
Assim permaneci durante muitos e muitos anos. Apesar de ter a magia muito perto como um dos tantos assuntos de meu interesse, nunca me permiti aprofundar-me mais. Até que começaram a ocorrer uma série de sincronicidades. Comecei a sentir e escutar o intenso chamado da Deusa. Em principio era sutil e vago, quase não dei-lhe atenção. Logo, o chamado se transformou  num grito feroz que soava e ecoava dentro de mim. Era insistente e agradável. Certa vez, durante minhas rotineiras caminhadas noturnas, a palavra “bruxa” pipocou na minha cabeça. Senti uma energia especial, confortável. Á partir deste dia, comecei a estudar sobre bruxaria e comecei a relembrar uma série de coisas da minha infância, me reconectei com minha essência mística, bruxa e hoje, a única coisa que lamento foi não ter escutado os chamados da Deusa antes. Eu sei que ela esteve me chamando, mas eu estava sempre demasiado “ocupada” para dar-lhe ouvidos.
Mas afinal de contas, o que é uma bruxa?
A bruxa é a mulher que possui plena consciência da sua sacralidade, utilizando-se de sua aguçada intuição para desvendar os segredos do Universo.  É una na conexão com a natureza e, sobretudo, com a Lua. Ela honra os ciclos do feminino, da menstruação, da gestação. Do nascimento, desenvolvimento e da morte. Ela ama, cria, canta, dança e seduz. A intuição é sua maior arma, e ela a usa sem temor. Imerge no mais profundo da alma de cada ser humano, animal, mineral e astral. Faz uso de todos os elementos que a Mãe Terra dá, do fogo, da água, da terra e do ar. A Bruxa é bem e é mal, pois afinal de contas, somos o que bem quisermos! Uma grande característica das bruxas é a sede por conhecimento, manipular a arte da magia requer estudo, prática e tempo.
As plantinhas voltaram a falar comigo. Os cristais voltaram a exercer esse magnetismo maravilhoso quando eu voltei a vê-los como mágicos. A energia flui melhor no meu corpo. Nunca estive tão conectada com minha essência e propósito.
A bruxa acordou!